quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Por que a Dança?


A dança trabalha diretamente com o sentimento e o corpo, tendo um forte apelo junto à juventude. Através do balé as crianças e jovens desenvolvem a disciplina e a harmonia.
O trabalho corporal melhora a postura e a aparência elevando a auto-estima. O contato com a música de qualidade e com a literatura amplia os horizontes culturais. O Projeto trabalha com elementos de História da Arte, buscando sempre colocar em seu contexto histórico cada música nova apresentada à nossas crianças e jovens. A convivência com os demais membros do grupo se dá de forma solidária, sem o sentido de competição tão comum nas academias convencionais. Dentro dos grupos, essas crianças e jovens convivem em um ambiente sadio e produtivo.

A dança de Nina Verchinina




Trecho extraído da dissertação de mestrado “Nina Verchinina e a danca moderna brasileira”, defendida pela pesquisadora Beatriz Cerbino. - PUC SP.
Reconhecida como uma das principais figuras no desenvolvimento da dança moderna no Brasil, Nina Verchinina (1910-1995) foi uma referência para bailarinos e criadores nas décadas de 1960 e 1970. As propostas que apresentou para a construção de um corpo - formas, seqüências e possibilidades de deslocamento no espaço - marcaram fortemente a dança aqui produzida.
A singularidade de sua trajetória, desde sua infância nas plantações de chá da China, passando pela adolescência e vida adulta em países da Europa, das Américas e da Oceania, até sua chegada à cidade do Rio de Janeiro, em 1954, assim como as diferentes fases que aqui viveu e vivenciou, são reconhecíveis na técnica de dança que desenvolveu. O corpo por ela construído abriga informações advindas dos múltiplos ambientes que proporcionaram a diversidade de instruções a que teve acesso.
A partir de um corpo com formação eminentemente clássica - Verchinina estudou balé com Olga Preobrajenska (1871-1962) e Bronislava Nijinska (1891-1972) -, criou e instaurou novos códigos corporais, elaborando e refinando seu próprio vocabulário ao longo de décadas de experimentação e pesquisa. A técnica da dança moderna que elaborou atendeu suas necessidades de bailarina e criadora que não encontrava nas técnicas existentes da época formulações que se adequassem aos movimentos e formas que buscava imprimir no espaço.
Apesar de sua formação clássica e de usar elementos do balé em suas aulas, como as posições básicas dos pés os grands battements, os ronds-de-jambes e até mesmo os pas de bourrés, Verchinina tinha clareza da necessidade de um outro tipo de corpo para um outro entendimento do movimento, para que as pessoas pudessem dançar o que ela elaborava coreograficamente. Assim, desenvolveu sua técnica, elaborando e organizando suas pesquisas em busca de uma formulação que permitisse entender o corpo não decomposto em partes, como ela identificava o corpo construído pelo balé, mas apresentando-se como um todo capaz de se mover em bloco pelo espaço. Ou seja, o corpo não entraria e se deslocaria no espaço de maneira sucessiva, com uma parte após a outra em movimentos quebrados, mas sim simultaneamente, criando momentos de total conjunção entre cabeça, tronco e membros.
Assim, a partir de uma formação em dança essencialmente clássica, Verchinina alcançou um outro patamar em sua trajetória: além da mestra que ensinava, como aquelas com quem estudou, tornou-se também uma mestra que inventou, elaborando um corpo para dançar com características e formas independentes daquelas apresentadas pelo balé.
Nina Verchinina foi capaz, antes de tudo, de imprimir em suas coreografias e nos corpos de seus bailarinos uma assinatura; criando, dessa maneira, uma fonte de permanência para seu pensamento, para suas idéias acerca de sua dança. Idéias que ganham concretude em movimentos e gestos, criando e reinventando paisagens que se materializam no tempo, no espaço e no corpo.


  • “A dança de hoje tem que refletir aquilo que se vive, que acontece no mundo e por
    dentro de cada ser” (PORTINARI, 1972).
    Frase retirada do texto “POR UMA GENEALOGIA MODERNO-EXPRESSIONISTA
    DA DANÇA DE NINA VERCHININA” de Claudia Petrina.